Nadja Abdo: A Essência das Palavras
Nadja Neves Abdo é natural de Belo Horizonte. Desde os primeiros anos no liceu escolar, demonstrou preferência pelo estudo da língua portuguesa e favoritismo pela literatura. Após formar-se com louvor em Pedagogia e Letras pelo UNI-BH, aprimorou seus conhecimentos na Fale/ UFMG. Atuou como professora na Prefeitura de Belo Horizonte até se aposentar. Ao longo da carreira, produziu vasto material didático e desenvolveu projetos literários. Prefaciou obras e publicou resenhas sobre vários autores. Em viagens à Europa, visitou diversos centros culturais e museus, ampliando seus conhecimentos também no campo das Artes.
Em seus contos, Nadja Abdo mescla vivências com ficção, fazendo uma junção de sua vertente educadora e amante de literatura. Recria situações que marcaram sua história, incluindo impressões indeléveis, personagens marcantes e possíveis variações. Já em seus poemas, o "eu" fala forte; as experiências pessoais perpassam os versos, conectando venturas e desventuras, ora de forma velada, ora explicitamente. Há momentos de universalidade dos temas, enquanto a leitura do mundo se mostra aguda e nostálgica. Percebe-se em sua obra a intenção de expressar a verdade relativa e a constante mutação do sentir e agir das criaturas.
Mais do que escritora, Nadja é tradutora de emoções — sua caneta é ponte entre o mundo interno e o universo compartilhado. Sua escrita, ao mesmo tempo intrínseca e potente, é um refúgio da coragem onde diz o que muitos calam. Quem a lê não sai ileso; sai tocado, transformado, mais inteiro. Sua poesia não se limita a versos — é sopro de intensidade, pulsação do invisível. Com delicadeza suas linhas ressignificam o cotidiano e eternizam o efêmero. Atualmente, dedica-se a escrita e revisão de livros.
Publicou:
A Impermanência da Vida (em parceria com Nagib Abdo) - Contos
Contos e Outros Tantos (em parceria com Fernando Abdo) - Contos
Estuário - Poesias
Ainda Podemos - Poesias
Fábio José de Melo Silva: A teologia contemporânea
Dentre os escritores mineiros da nova geração, destaca-se o nome de Fábio José de Melo Silva, o Padre Fábio de Melo. Nascido em Formiga, 3 de abril de 1971, é graduado em Filosofia e Teologia, pós-graduado em Educação e mestre em Teologia Sistemática. Tornou-se um escritor, professor universitário, cantor e apresentador brasileiro. Pertenceu à Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, mas depois passou à Diocese de Taubaté, no interior do estado de São Paulo.
Pelo fato de ser padre, muitos leitores buscam em suas obras a autoajuda, mas seus livros vão muito além desse patamar. Pode ser que exista certa dose de suporte subjacente para aqueles que necessitam; no entanto, o caráter filosófico é o ponto forte a ser apreciado. Todos os seus trabalhos são assinados como Fábio de Melo, o que colabora para não confundi-lo com um missionário. O nível literário apresentado surpreende pelo alto padrão, está muito acima dos autores que buscam a comunicação fácil. O espaço para a linguagem poética refinada fica garantido em todo o decorrer do discurso.
Dentre seus diversos livros publicados, destacam-se:
2006 - Tempo: saudades e esquecimentos - Paulinas-COMEP
2007 - Amigo: somos muitos, mesmo sendo dois - Editora Gente
2008 - Quem Me Roubou de Mim? - Canção Nova
2008 - Mulheres de aço e de flores - Editora Gente
2008 - Quando o pó sofrimento bate a sua porta - Canção Nova -
2009 - Cartas entre Amigos - sobre medos contemporâneos, com Gabriel Chalita - Ediouro
2009 - Mulheres Cheias de Graça - Ediouro
2010 - Cartas entre Amigos - sobre ganhar e perder, com Gabriel Chalita - Editora Globo
2011 - O verso e a cena - Editora Globo
2011 - Tempo de Esperas - Editora Planeta
2012 - Orfandades - o destino das ausências - Editora Planeta
2013 - É Sagrado Viver - Editora Planeta
2014 - O Discípulo da Madrugada - Editora Planeta
2017 - Crer ou Não Crer, com Leandro Karnal - EditoraPlaneta
2019 - Por Onde For o Teu Passo, Que Lá Esteja o Teu Coração - Editora Planeta
2021 - A Hora da Essência - Editora Planeta
2022 - Quantos eus que não são meus? - Editora Planeta
2023 - A vida é cruel, Ana Maria - Editora Record
Carla Madeira : as complexidades dos instintos
Carla Madeira é uma escritora brasileira que se firmou como uma das autoras mais lidas e admiradas da literatura contemporânea no país. Natural de Belo Horizonte, ela construiu sua carreira inicialmente na publicidade, mas foi na literatura que encontrou espaço para explorar com profundidade os sentimentos humanos, os conflitos internos e as complexidades das relações afetivas.
Seu romance de estreia, Tudo é Rio, tornou-se um grande sucesso, alcançando centenas de milhares de leitores. A obra narra a história de um casal abalado por uma tragédia e a presença marcante de uma terceira personagem que interfere de forma intensa em suas vidas. Com uma linguagem poética e envolvente, o livro trata de temas como dor, culpa, amor e perdão, sendo reconhecido por sua força emocional e pela profundidade psicológica dos personagens.
Depois de sua estreia, Carla lançou A Natureza da Mordida, um romance que mergulha nos instintos mais primitivos e nas feridas da infância. O livro aborda como experiências passadas moldam os comportamentos presentes e revela, mais uma vez, a habilidade da autora em construir personagens complexos e reais.
Em Véspera, seu terceiro romance, Carla retoma a investigação sobre as fragilidades humanas, desta vez abordando a família, os segredos guardados ao longo da vida e o impacto das escolhas. A narrativa é marcada por silêncios significativos e gestos que dizem mais que palavras, reforçando sua assinatura literária baseada na sutileza emocional.
Carla Madeira se destaca por seu estilo direto, mas profundamente sensível. Seus livros são reconhecidos por provocar reflexão, identificação e emoção nos leitores. Suas histórias, mesmo enraizadas em contextos particulares, possuem alcance universal, tratando de sentimentos que atravessam culturas e gerações. Com uma prosa delicada e potente, ela se consolidou como uma das principais vozes da ficção brasileira atual.
Itamar Vieira Junior: a voz literária do Brasil profundo
Itamar Vieira Junior é um dos grandes nomes da literatura brasileira contemporânea. Nascido em Salvador, Bahia, em 1979, ele une em sua obra o rigor intelectual de um geógrafo e doutor em Estudos Étnicos e Africanos à sensibilidade de um contador de histórias profundamente enraizado nas experiências do povo brasileiro. Sua escrita carrega marcas de sua trajetória acadêmica, profissional e pessoal, com temas que abordam ancestralidade, luta por terra, desigualdade social e identidade.
Seu romance de estreia, Torto Arado, publicado em 2019, conquistou público e crítica, tornando-se um fenômeno literário. O livro venceu importantes prêmios como o Prêmio LeYa (2018), o Prêmio Jabuti e o Prêmio Oceanos (ambos em 2020), e já foi traduzido para dezenas de idiomas. A história se passa na Chapada Diamantina, no interior da Bahia, e acompanha a vida de duas irmãs, Bibiana e Belonísia, filhas de trabalhadores rurais em uma comunidade marcada por vínculos com a terra e tradições afro-brasileiras, especialmente o Jarê — uma forma de religiosidade popular.
A força de sua narrativa está na capacidade de dar protagonismo aos invisibilizados. Sobre isso, o próprio autor declarou:
“Não diria que dou voz aos silenciados. Talvez eu estivesse mesmo entre eles, afinal, essa é minha origem também.”
Essa declaração sintetiza o compromisso ético e afetivo de Itamar com as histórias que escreve. Ele não observa seus personagens de longe; ele os compreende por dentro.
Em 2023, Itamar lançou Salvar o Fogo, segundo romance de sua carreira, que aprofunda temas como religiosidade, memória familiar e conflitos sociais. A obra também é ambientada na Bahia, reforçando seu vínculo com o território como espaço simbólico e político.
Além dos romances adultos, o autor também iniciou uma trajetória na literatura infantil, com o livro Chupim (2024), no qual aborda o trabalho infantil no campo, reafirmando seu compromisso com causas sociais desde a infância.
Itamar Vieira Junior é mais do que uma revelação: é uma presença transformadora na literatura brasileira. Com uma escrita poética, crítica e profundamente humana, ele revela o Brasil invisível e contribui para a valorização das vozes historicamente marginalizadas. Seu trabalho reafirma o poder da literatura como instrumento de resistência, memória e reconstrução de identidades.
Pedro Antônio de Oliveira: A Torre Mágica
Pedro Antônio de Oliveira publicou seu primeiro conto direcionado ao público infantil no jornal Estado de Minas em 1º de abril de 1995. Leitor assíduo do suplemento Gurilândia, ele decidiu enviar algumas de suas histórias para a redação e acabou se tornando colaborador semanal do veículo. No dia 2 de dezembro do mesmo ano, ele estreou no DT Infantil Revistinha, do extinto Diário da tarde, também se dedicando à produção de textos para as crianças.
Com o tempo, ele se aventurou na criação de tirinhas de humor, desenvolvendo dois personagens: a Waldomira e o Capitão P. Por ser, desde pequeno, apaixonado pelo desenho, passou a ilustrar diversos contos e poemas de sua autoria no Diário da Tarde. Até 2001, Pedro havia publicado cerca de 200 textos nesses dois jornais.
Em 2007, lançou seu primeiro livro, “Metade é verdade, o resto é invenção”, pela editora Saraiva, selo Formato. “Uma história, uma lorota... e fiquei de boca torta!” veio no ano seguinte, 2008, pela mesma editora. Essa obra reuniu algumas de suas histórias publicadas no Estado de Minas e no Diário da Tarde. Seu terceiro livro, “Oreosvaldo, o Pássaro das Sombras”, do Grupo Editorial Lê, chegou em 2013. Em 2024, foi a vez de "Meus heróis na sala de estar", também da Editora Lê, e "Balitas e você, minha sorte de estrela", um eBook Kindle pela Amazon.
Ao longo dos anos, ele teve seus textos divulgados em portais de Educação, revistas, apostilas de cursinhos, provas de seleção para ingresso em colégios, avaliações escolares e de concurso público, caderno de atividades como o de Língua Portuguesa da Prefeitura do Rio de Janeiro, além de livros didáticos.
Em 2018, participou com um conto infantojuvenil da obra "Convite à Escrita – Material de Intervenção para Reabilitação Cognitiva na Construção da Escrita", das fonoaudiólogas Lilian kotujansky Forte, Marlene Lopes Scarpa e Regina Soga Kubota, pela Pulso Editorial. Hoje ele mantém dois blogs literários:
www.opassarodassombras.com.br.
Conceição Evaristo: A Escrevivência Afro-brasileira
Conceição Evaristo é uma das grandes referências da literatura brasileira, reconhecida por sua escrita potente, sensível e profundamente enraizada nas experiências da população negra, especialmente das mulheres. Nascida em 1946, em uma favela da zona sul de Belo Horizonte, Minas Gerais, viveu uma infância marcada por dificuldades econômicas, mas também por uma forte relação com a oralidade, a memória e a força das mulheres de sua família.
Foi apenas aos 25 anos que se mudou para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como professora e, ao mesmo tempo, continuou seus estudos. Formou-se em Letras, fez mestrado em Literatura Brasileira e doutorado em Literatura Comparada. Essa trajetória acadêmica foi essencial para consolidar sua escrita crítica e afetuosa, que se diferencia por unir linguagem literária refinada à experiência vivida — um conceito que ela própria nomeou como escrevivência. Para Conceição, sua literatura não é apenas invenção, mas também testemunho: ela escreve a partir das dores, alegrias, resistências e memórias do povo negro.
Seu livro de estreia, Ponciá Vicêncio, publicado em 2003, conta a história de uma mulher negra marcada por traumas familiares, racismo e desigualdade social. A narrativa acompanha sua trajetória de auto(re)conhecimento e denúncia das violências estruturais da sociedade brasileira. A obra é considerada um marco da literatura afro-brasileira contemporânea.
Em Becos da Memória, lançado em 2006, Conceição resgata a vida em uma favela de Belo Horizonte, retratando a coletividade e a resistência de uma comunidade ameaçada pela remoção. O livro tem forte carga autobiográfica e mostra como as histórias pessoais se entrelaçam com a história social do país.
Outro destaque de sua obra é Insubmissas Lágrimas de Mulheres, de 2011, uma coletânea de contos que revela a multiplicidade das experiências femininas negras. São histórias de dor, luta, amor e sobrevivência que revelam personagens complexas e profundamente humanas.
Sua produção poética também merece destaque. Em livros como Poemas da Recordação e Outros Movimentos, Conceição dá voz à memória, à ancestralidade e à esperança, com versos que dialogam com o cotidiano, a espiritualidade e a luta.
Mais do que uma escritora, Conceição Evaristo é uma intelectual que tem se dedicado à valorização da cultura afro-brasileira e à denúncia das injustiças sociais. Sua obra é leitura essencial para compreender o Brasil, pois não apenas narra a história de indivíduos marginalizados, mas também reconstrói, com dignidade e beleza, a história coletiva do povo negro.