Nadja Abdo: A Essência das Palavras


Nadja Neves Abdo é natural de Belo Horizonte. Desde os primeiros anos no liceu escolar, demonstrou preferência pelo estudo da língua portuguesa e favoritismo pela literatura. Após formar-se com louvor em Pedagogia e Letras pelo UNI-BH, aprimorou seus conhecimentos na Fale/ UFMG. Atuou como professora na Prefeitura de Belo Horizonte até se aposentar. Ao longo da carreira, produziu vasto material didático e desenvolveu projetos literários. Prefaciou obras e publicou resenhas sobre vários autores. Em viagens à Europa, visitou diversos centros culturais e museus, ampliando seus conhecimentos também no campo das Artes.

Em seus contos, Nadja Abdo mescla vivências com ficção, fazendo uma junção de sua vertente educadora e amante de literatura. Recria situações que marcaram sua história, incluindo impressões indeléveis, personagens marcantes e possíveis variações. Já em seus poemas, o "eu" fala forte; as experiências pessoais perpassam os versos, conectando venturas e desventuras, ora de forma velada, ora explicitamente. Há momentos de universalidade dos temas, enquanto a leitura do mundo se mostra aguda e nostálgica. Percebe-se em sua obra a intenção de expressar a verdade relativa e a constante mutação do sentir e agir das criaturas.

Mais do que escritora, Nadja é tradutora de emoções — sua caneta é ponte entre o mundo interno e o universo compartilhado. Sua escrita, ao mesmo tempo intrínseca e potente, é um refúgio da coragem onde diz o que muitos calam. Quem a lê não sai ileso; sai tocado, transformado, mais inteiro. Sua poesia não se limita a versos — é sopro de intensidade, pulsação do invisível. Com delicadeza suas linhas ressignificam o cotidiano e eternizam o efêmero. Atualmente, dedica-se a escrita e revisão de livros.

Publicou:

A Impermanência da Vida (em parceria com Nagib Abdo) - Contos

Contos e Outros Tantos (em parceria com Fernando Abdo) - Contos

Estuário - Poesias

Ainda Podemos - Poesias

A escrita inovadora de Fernando Abdo 

Dentre os novos talentos literários, vemos despontar o nome de Fernando Abdo.  O mineiro, natural de Belo Horizonte, logo cedo tornou-se cidadão do mundo, aventurando-se em viagens pelos continentes, assim acumulando bagagem cultural expressiva. 

Sua primeira publicação solo, Memórias Editadas, já revela o potencial criativo, somado à leitura atenta do mundo visitado. Nesse trabalho primoroso, Fernando demonstrou talento latente ao escrever toda a narrativa no gênero poema em prosa, um dos maiores desafios poéticos. 

O livro, todo ilustrado pela artista, Karla Boncompagni, despertou admiração e elogios dos melhores críticos literários, a exemplo do renomado Fábio Lucas.  

No intervalo entre Memórias Editadas e Por que será? - poemas inéditos -  partilhou um livro de “Contos e outros tantos” com sua mãe, Nadja Abdo. Como poeta, revelou-se contorcionista com os vocábulos e preciso nas abordagens. Seu estilo conciso forma um fio condutor inquebrantável até o fechamento do poema. Já os contos vão das memórias ao universo ficcional, denotando a capacidade de recordar e criar com o mesmo brilhantismo. 

Em todos os estilos, o autor deixou sua marca inovadora, que reúne a arte literária com cultura pessoal e pesquisa específica. A resultante dessa triangulação oferece ao leitor o prazer da narrativa ficcional, envolvida pelo realismo das ponderações adicionadas. 

Em outra empreitada pessoal de tirar o fôlego, o autor trouxe a público “Brasil Afora”, uma coletânea de contos regionais que percorrem o imenso território brasileiro. Com enredos bastante variados e personagens curiosos, exibindo costumes e linguagens locais, os contos apresentam desempenhos fascinantes. O leitor certamente reconhecerá em cada criatura um cidadão real, com suas venturas, crenças e contradições. Um sincretismo próprio do Brasil. 

Recentemente, Fernando Abdo lançou seu primeiro grande romance - Ver pra crer - em parceria com Nelson Campos. O que já era conhecido em termos de competência linguística e habilidade na construção de um enredo primoroso superou as expectativas. A obra desafia a antiga dialética entre ciência e religião, em meio a uma trama com as mais variadas personagens e situações. Como em todos os seus livros, o enriquecimento promovido pelas ilustrações de Karla Boncompagni, com seus traços delicados, mas significativos, adicionam valor significativo às publicações. 

Por toda a qualidade literária já apresentada, em estilos e linguagens variadas, pode-se afirmar que Fernando Abdo consolidou seu nome entre os melhores da literatura brasileira contemporânea.  É de se esperar que uma vigorosa obra seja construída nos próximos tempos. 

Fábio José de Melo Silva: A teologia contemporânea


Dentre os escritores mineiros da nova geração, destaca-se o nome de Fábio José de Melo Silva, o Padre Fábio de Melo. Nascido em Formiga, 3 de abril de 1971, é graduado em Filosofia e Teologia, pós-graduado em Educação e mestre em Teologia Sistemática. Tornou-se um escritor, professor universitário, cantor e apresentador brasileiro. Pertenceu à Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, mas depois passou à Diocese de Taubaté, no interior do estado de São Paulo.

Pelo fato de ser padre, muitos leitores buscam em suas obras a autoajuda, mas seus livros vão muito além desse patamar. Pode ser que exista certa dose de suporte subjacente para aqueles que necessitam; no entanto, o caráter filosófico é o ponto forte a ser apreciado. Todos os seus trabalhos são assinados como Fábio de Melo, o que colabora para não confundi-lo com um missionário. O nível literário apresentado surpreende pelo alto padrão, está muito acima dos autores que buscam a comunicação fácil. O espaço para a linguagem poética refinada fica garantido em todo o decorrer do discurso. 

Dentre seus diversos livros publicados, destacam-se: 

2006 - Tempo: saudades e esquecimentos - Paulinas-COMEP

2007 - Amigo: somos muitos, mesmo sendo dois - Editora Gente

2008 - Quem Me Roubou de Mim? - Canção Nova 

2008 - Mulheres de aço e de flores - Editora Gente 

2008 - Quando o pó sofrimento bate a sua porta - Canção Nova - 

2009 - Cartas entre Amigos - sobre medos contemporâneos, com Gabriel Chalita - Ediouro 

2009 - Mulheres Cheias de Graça - Ediouro

2010 - Cartas entre Amigos - sobre ganhar e perder, com Gabriel Chalita - Editora Globo

2011 - O verso e a cena - Editora Globo

2011 - Tempo de Esperas - Editora Planeta

2012 - Orfandades - o destino das ausências - Editora Planeta

2013 - É Sagrado Viver - Editora Planeta

2014 - O Discípulo da Madrugada - Editora Planeta

2017 - Crer ou Não Crer, com Leandro Karnal - EditoraPlaneta

2019 - Por Onde For o Teu Passo, Que Lá Esteja o Teu Coração - Editora Planeta

2021 - A Hora da Essência - Editora Planeta

2022 - Quantos eus que não são meus? - Editora Planeta

2023 - A vida é cruel, Ana Maria - Editora Record

Carla Madeira : as complexidades dos instintos

Carla Madeira é uma escritora brasileira que se firmou como uma das autoras mais lidas e admiradas da literatura contemporânea no país. Natural de Belo Horizonte, ela construiu sua carreira inicialmente na publicidade, mas foi na literatura que encontrou espaço para explorar com profundidade os sentimentos humanos, os conflitos internos e as complexidades das relações afetivas.

Seu romance de estreia, Tudo é Rio, tornou-se um grande sucesso, alcançando centenas de milhares de leitores. A obra narra a história de um casal abalado por uma tragédia e a presença marcante de uma terceira personagem que interfere de forma intensa em suas vidas. Com uma linguagem poética e envolvente, o livro trata de temas como dor, culpa, amor e perdão, sendo reconhecido por sua força emocional e pela profundidade psicológica dos personagens.

Depois de sua estreia, Carla lançou A Natureza da Mordida, um romance que mergulha nos instintos mais primitivos e nas feridas da infância. O livro aborda como experiências passadas moldam os comportamentos presentes e revela, mais uma vez, a habilidade da autora em construir personagens complexos e reais.

Em Véspera, seu terceiro romance, Carla retoma a investigação sobre as fragilidades humanas, desta vez abordando a família, os segredos guardados ao longo da vida e o impacto das escolhas. A narrativa é marcada por silêncios significativos e gestos que dizem mais que palavras, reforçando sua assinatura literária baseada na sutileza emocional.

Carla Madeira se destaca por seu estilo direto, mas profundamente sensível. Seus livros são reconhecidos por provocar reflexão, identificação e emoção nos leitores. Suas histórias, mesmo enraizadas em contextos particulares, possuem alcance universal, tratando de sentimentos que atravessam culturas e gerações. Com uma prosa delicada e potente, ela se consolidou como uma das principais vozes da ficção brasileira atual.

Pedro Antônio de Oliveira: A Torre Mágica

Pedro Antônio de Oliveira publicou seu primeiro conto direcionado ao público infantil no jornal Estado de Minas em 1º de abril de 1995. Leitor assíduo do suplemento Gurilândia, ele decidiu enviar algumas de suas histórias para a redação e acabou se tornando colaborador semanal do veículo. No dia 2 de dezembro do mesmo ano, ele estreou no DT Infantil Revistinha, do extinto Diário da tarde, também se dedicando à produção de textos para as crianças.

Com o tempo, ele se aventurou na criação de tirinhas de humor, desenvolvendo dois personagens: a Waldomira e o Capitão P. Por ser, desde pequeno, apaixonado pelo desenho, passou a ilustrar diversos contos e poemas de sua autoria no Diário da Tarde. Até 2001, Pedro havia publicado cerca de 200 textos nesses dois jornais.

Em 2007, lançou seu primeiro livro, “Metade é verdade, o resto é invenção”, pela editora Saraiva, selo Formato. “Uma história, uma lorota... e fiquei de boca torta!” veio no ano seguinte, 2008, pela mesma editora. Essa obra reuniu algumas de suas histórias publicadas no Estado de Minas e no Diário da Tarde. Seu terceiro livro, “Oreosvaldo, o Pássaro das Sombras”, do Grupo Editorial Lê, chegou em 2013. Em 2024, foi a vez de "Meus heróis na sala de estar", também da Editora Lê, e "Balitas e você, minha sorte de estrela", um eBook Kindle pela Amazon.

Ao longo dos anos, ele teve seus textos divulgados em portais de Educação, revistas, apostilas de cursinhos, provas de seleção para ingresso em colégios, avaliações escolares e de concurso público, caderno de atividades como o de Língua Portuguesa da Prefeitura do Rio de Janeiro, além de livros didáticos.

Em 2018, participou com um conto infantojuvenil da obra "Convite à Escrita – Material de Intervenção para Reabilitação Cognitiva na Construção da Escrita", das fonoaudiólogas Lilian kotujansky Forte, Marlene Lopes Scarpa e Regina Soga Kubota, pela Pulso Editorial. Hoje ele mantém dois blogs literários:

www.atorremagica.com

www.opassarodassombras.com.br.

 

Nagib Abdo: a sagacidade na ponta do lápis

Nagib Abdo é graduado pela UFMG (1983) e Pós-graduado em Medicina do Trabalho e Clínica Médica. Atuou no atendimento a pacientes e na coordenação e gestão médica de empresas de grande porte. Foi Diretor do Sindicato dos Médicos MG, da Associação Médica MG e membro da Comissão Estadual de Defesa do Médico AMMG. Permanece como Médico da Secretaria da Saúde MG desde 1992. A essa nobre e honrosa trajetória profissional, incorpora, com entusiasmo, uma antiga paixão - a Literatura - mediante a produção de textos literários.

Publicou, em 2021, em parceria com Nadja Abdo, A Impermanência da Vida, obra na qual os autores oferecem um misto de realidade e ficção, dando ao leitor momentos de reflexão sobre a temporalidade da existência, ora intimista, ora universal. As histórias aqui contadas não são meras narrativas, cada texto foi cuidadosamente carregado de elementos essenciais para que o leitor adentre no enredo. Em 2024, publicou A Criatura Humana, onde a angústia torna-se indelével, eviterna companheira dos pensamentos mais ordinários. Nesta obra, Nagib Abdo aborda esse dissabor em palavras umedecidas pela estreitura do ser; faz alusões acuradas do comportamento arrevesado e labiríntico da mente. Parafraseado por Drummond "Todo ser humano é um estranho ímpar", o autor não poupa acrimônia em seus vocábulos ao dialogar com suas personagens; as conduz de maneira asseverada, em esculápio dicionário. Apesar do turvamento aqui abrangido, há retórica contingente, há desassossego no retornar da sensatez, do critério em cordura, do julgamento siso.

 

Conceição Evaristo: A Escrevivência Afro-brasileira

Conceição Evaristo é uma das grandes referências da literatura brasileira, reconhecida por sua escrita potente, sensível e profundamente enraizada nas experiências da população negra, especialmente das mulheres. Nascida em 1946, em uma favela da zona sul de Belo Horizonte, Minas Gerais, viveu uma infância marcada por dificuldades econômicas, mas também por uma forte relação com a oralidade, a memória e a força das mulheres de sua família.

Foi apenas aos 25 anos que se mudou para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como professora e, ao mesmo tempo, continuou seus estudos. Formou-se em Letras, fez mestrado em Literatura Brasileira e doutorado em Literatura Comparada. Essa trajetória acadêmica foi essencial para consolidar sua escrita crítica e afetuosa, que se diferencia por unir linguagem literária refinada à experiência vivida — um conceito que ela própria nomeou como escrevivência. Para Conceição, sua literatura não é apenas invenção, mas também testemunho: ela escreve a partir das dores, alegrias, resistências e memórias do povo negro.

Seu livro de estreia, Ponciá Vicêncio, publicado em 2003, conta a história de uma mulher negra marcada por traumas familiares, racismo e desigualdade social. A narrativa acompanha sua trajetória de auto(re)conhecimento e denúncia das violências estruturais da sociedade brasileira. A obra é considerada um marco da literatura afro-brasileira contemporânea.

Em Becos da Memória, lançado em 2006, Conceição resgata a vida em uma favela de Belo Horizonte, retratando a coletividade e a resistência de uma comunidade ameaçada pela remoção. O livro tem forte carga autobiográfica e mostra como as histórias pessoais se entrelaçam com a história social do país.

Outro destaque de sua obra é Insubmissas Lágrimas de Mulheres, de 2011, uma coletânea de contos que revela a multiplicidade das experiências femininas negras. São histórias de dor, luta, amor e sobrevivência que revelam personagens complexas e profundamente humanas.

Sua produção poética também merece destaque. Em livros como Poemas da Recordação e Outros Movimentos, Conceição dá voz à memória, à ancestralidade e à esperança, com versos que dialogam com o cotidiano, a espiritualidade e a luta.

Mais do que uma escritora, Conceição Evaristo é uma intelectual que tem se dedicado à valorização da cultura afro-brasileira e à denúncia das injustiças sociais. Sua obra é leitura essencial para compreender o Brasil, pois não apenas narra a história de indivíduos marginalizados, mas também reconstrói, com dignidade e beleza, a história coletiva do povo negro.