A Literatura no Romantismo

O Romantismo emergiu em um período de intensas transformações sociais e políticas. A Revolução Francesa (1789) e as guerras napoleônicas provocaram um sentimento de instabilidade e incerteza, ao mesmo tempo em que estimularam ideias de liberdade, nacionalismo e autodeterminação. Em resposta ao racionalismo e ao cientificismo iluministas, os românticos buscaram dar voz ao sentimento humano, à imaginação e à subjetividade, valores que haviam sido desprezados pela razão dominante do século anterior.

Subjetivismo e individualismo: O “eu” do autor tornou-se o centro da obra. A literatura passou a refletir os sentimentos, dúvidas, sonhos e conflitos internos do indivíduo.
Valorização da emoção: O sentimento prevalece sobre a razão. Amor, tristeza, saudade, angústia e exaltação são temas centrais.
Idealização do amor e da mulher: O amor é visto como sublime, puro e, muitas vezes, inatingível. A figura feminina é geralmente idealizada e colocada como símbolo de perfeição.
Fuga da realidade: Muitos autores românticos escapam do presente, refugiando-se no passado histórico, na natureza ou na fantasia.
Exaltação da natureza: A natureza é retratada como fonte de inspiração, consolo e expressão da alma humana.
Nacionalismo: Valorização da cultura, da história, das lendas e do folclore de cada país. A literatura tornou-se uma ferramenta de construção da identidade nacional.
Liberdade estética: Rejeição das regras clássicas da literatura, como as impostas pelo Neoclassicismo. O autor romântico escreve com liberdade formal, expressando sua originalidade.

Fases do Romantismo

A literatura romântica é geralmente dividida em três fases distintas:

Primeira geração – Nacionalista e idealista
Inspirada pelo sentimento patriótico e pela valorização do passado histórico. A natureza e o heroísmo nacional são temas recorrentes.

Gonçalves Dias (Brasil) – "Canção do Exílio"
Almeida Garrett (Portugal) – "Camões" e "Dona Branca"

Segunda geração – Ultrarromântica
Marcada pelo pessimismo, melancolia, idealização da morte, do amor impossível e do sofrimento existencial.

Álvares de Azevedo (Brasil) – "Lira dos Vinte Anos"
Camilo Castelo Branco (Portugal) – "Amor de Perdição"

Terceira geração – Condoreira ou social
Engajada em causas sociais e políticas. Exalta a liberdade, a justiça e denuncia as desigualdades.

Castro Alves (Brasil) – "O Navio Negreiro"
Victor Hugo (França) – "Os Miseráveis" (mistura romantismo e crítica social)

A literatura romântica representou uma verdadeira revolução artística, libertando a criação literária das amarras da razão e das regras formais. Ao colocar a emoção, a subjetividade e a imaginação no centro da produção literária, o Romantismo abriu caminho para novas formas de expressão e para a valorização do indivíduo em sua complexidade emocional e existencial. Ainda hoje, sua influência pode ser sentida na literatura, na música, no cinema e nas artes em geral, reafirmando o valor da liberdade criativa e da sensibilidade humana.

O romantismo brasileiro começou oficialmente em 1836 com a publicação da Niterói e do poema "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias. O movimento refletia a busca por identidade nacional após a independência do Brasil (1822).