Século XX: Modernismo e Pós-modernismo
A literatura do século XX foi marcada por profundas transformações estéticas, ideológicas e temáticas. Em um período de intensas mudanças históricas — como duas guerras mundiais, revoluções sociais, o avanço da tecnologia, a descolonização e a ascensão dos meios de comunicação de massa — os escritores reagiram com novas formas de expressão que romperam com tradições anteriores e abriram espaço para uma pluralidade de vozes.
Modernismo e Vanguardas
No início do século, o Modernismo dominou o cenário literário, impulsionado pelas vanguardas europeias como o Futurismo, Expressionismo, Surrealismo, Dadaísmo e Cubismo. Essas correntes rejeitavam as convenções do realismo e buscavam experimentar com a linguagem, o tempo narrativo, e a subjetividade. Escritores como James Joyce, com Ulisses, e Virginia Woolf, com Mrs. Dalloway, exploraram o fluxo de consciência e as múltiplas perspectivas internas, rompendo com a linearidade tradicional.
No Brasil, o Modernismo teve grande expressão a partir da Semana de Arte Moderna de 1922, com autores como Mário de Andrade e Oswald de Andrade propondo uma literatura autenticamente nacional, que dialogasse com a modernidade sem romper com as raízes culturais locais.
Pós-Guerra e Existencialismo
Após a Segunda Guerra Mundial, a literatura refletiu o desencanto com a condição humana e o colapso de valores tradicionais. O Existencialismo, influenciado por filósofos como Jean-Paul Sartre e Albert Camus, se manifestou em obras que abordavam a liberdade, a angústia e o absurdo da existência. Esse tom também aparece em autores como Samuel Beckett, cuja peça Esperando Godot simboliza o vazio e a incerteza do pós-guerra.
Realismo Mágico e Literaturas Periféricas
Na segunda metade do século XX, houve uma valorização crescente das literaturas de países periféricos, especialmente da América Latina. O Realismo Mágico, popularizado por autores como Gabriel García Márquez (Cem Anos de Solidão) e Jorge Luis Borges, fundiu elementos fantásticos com a realidade histórica e social, criando uma nova forma de expressão literária que influenciou escritores no mundo todo.
Na África e na Ásia, escritores pós-coloniais passaram a usar a literatura como forma de reconstruir identidades e narrativas, questionando o eurocentrismo e explorando temas como o racismo, a opressão e a diáspora.
Pós-Modernismo e Fragmentação
A partir dos anos 1960 e 1970, o Pós-Modernismo passou a questionar as noções de verdade, autoria e linearidade. A literatura pós-moderna é muitas vezes autorreferente, irônica e fragmentada, como se vê em obras de Thomas Pynchon, Italo Calvino e Salman Rushdie. Ela mistura gêneros, incorpora a cultura de massa e desafia a ideia de uma única leitura possível.
A literatura do século XX foi, acima de tudo, plural. Ela não seguiu um único caminho, mas abriu-se para múltiplas linguagens, estilos e visões de mundo. Em resposta a um século marcado por conflitos e descobertas, os escritores reinventaram a forma e o conteúdo da narrativa, ampliando as possibilidades da arte literária e deixando um legado duradouro para os séculos seguintes.