A literatura clássica surgiu entre os séculos VIII a.C. e V d.C., em um contexto de valorização da razão, da estética e da condição humana. Na Grécia, obras como Ilíada e Odisseia, de Homero, eternizaram a figura do herói e o confronto com o destino, enquanto os filósofos Platão e Aristóteles lançaram as bases da lógica, da ética e da política. Segundo Aristóteles, “o homem é, por natureza, um animal político”, o que demonstra a centralidade da razão e da vida em comunidade no pensamento clássico. Em Roma, autores como Virgílio, com a Eneida, e Cícero, com seus discursos e tratados, exaltaram a grandiosidade do Império e a importância da oratória e da virtude pública. Essa literatura era marcada pelo equilíbrio formal, pela busca da verdade por meio da razão e pelo ideal de perfeição humana, refletindo o que o historiador Paul Veyne chamou de “paixão pela forma e pela clareza”.
Com a queda do Império Romano do Ocidente, a Europa entrou na Idade Média, e a literatura passou a refletir os valores do cristianismo, do feudalismo e da autoridade da Igreja. A produção literária tornou-se predominantemente religiosa, com textos em latim voltados para a doutrina e a moral cristã. Santo Agostinho afirmava que “a medida do amor é amar sem medida”, evidenciando o caráter devocional e afetivo da literatura medieval. No entanto, a partir do século XII, a literatura profana ganhou força com o surgimento do trovadorismo, das cantigas e das novelas de cavalaria, que exaltavam o amor cortês, o heroísmo e os valores cavaleirescos. Obras como A Divina Comédia, de Dante Alighieri, marcaram a transição do pensamento medieval para o renascentista, combinando elementos religiosos e filosóficos com crítica social. Como dizia Dante: “No meio do caminho da vida, me vi por uma selva escura”, metáfora que simboliza a busca pelo sentido da existência, típica do espírito medieval.
Portanto, tanto a literatura clássica quanto a medieval são pilares fundamentais da cultura ocidental. A primeira legou os princípios da razão, da beleza e da organização política; a segunda, os valores espirituais, éticos e simbólicos da fé cristã. Juntas, essas tradições literárias não apenas registraram o espírito de suas épocas, mas também serviram de ponte para os períodos seguintes, como o Renascimento e o Humanismo. Compreendê-las é, como afirmou o filósofo italiano Umberto Eco, “como olhar no espelho onde a civilização se reconhece”.
Com a queda do Império Romano do Ocidente, a Europa entrou na chamada Idade Média. Nesse período, a literatura passou a refletir os valores cristãos e o contexto do feudalismo, da Igreja Católica dominante e das ordens monásticas. A cultura escrita estava principalmente nas mãos do clero, e a maior parte da produção literária era de cunho religioso.
Características gerais
Teocentrismo: Deus como centro do universo.
Didatismo: A literatura ensinava valores cristãos e morais.
Uso do latim: No início, a produção era majoritariamente em latim, língua da Igreja.
Alegorias e simbolismo: Comuns nas obras religiosas e filosóficas.
Literatura religiosa
A literatura medieval religiosa era usada como instrumento de evangelização e ensinamento moral:
Hagiografias: Biografias de santos, como A Vida de São Bento.
Sermões e homilias.
Poemas místicos e orações.
Autos: Peças teatrais religiosas, como os autos sacramentais.
Literatura profana
A partir do século XII, surgiu também a literatura profana, muitas vezes escrita em línguas vernáculas (como o francês, o galego-português e o castelhano). Destacam-se:
Cantigas medievais: Como as cantigas de amigo, de amor e de escárnio e maldizer.
Novelas de cavalaria: Como o Ciclo Arturiano e o Ciclo Carolíngio, que exaltavam o ideal do cavaleiro cristão.
Trovadorismo: Movimento poético-musical na Península Ibérica, com destaque para autores como Dom Dinis e Paio Soares de Taveirós.
Narrativas exemplares: Contos que ensinavam virtudes cristãs, como os de Bocaccio e Chaucer.
Obras de destaque
A Divina Comédia de Dante Alighieri (século XIV) é um marco da transição entre a Idade Média e o Renascimento, combinando fé cristã, filosofia e crítica social.
Beowulf, poema épico anglo-saxão, mistura elementos cristãos e pagãos.